A mostra central no Cais do Porto examina a criação de entidades transterritoriais e supraestatais que colocam em jogo a noção de nacionalidade. Essas construções político-econômicas contrastam com as noções de Nação estabelecidas há séculos na conformação dos países americanos após as lutas por independência. A exposição explora diferentes aspectos das ideias de Estado e Nação, suas retóricas visuais (mapas, bandeiras, escudos, hinos, passaportes, exércitos) e suas estratégias de autoafirmação e consolidação de identidade.
A
ideia de cidadania está baseada etimologicamente nas noções romanas de civitas
e urbanitas. Que tipo de cultura de pertencimento se dá em situações não
urbanas? Onde reside a nacionalidade quando se carece de território físico?
Algumas obras consideram o território rural como uma possibilidade para a
utopia e o isolamento como uma condição positiva; outras analisam diversas
estratégias de sustentabilidade e de coesão na ausência de território. Algumas
dessas construções nacionais – que, em certos casos, possuem território mas
carecem de autonomia política – estarão representadas no interior da exposição
em “pavilhões” que denominamos ZAP – Zonas de Autonomia Poética.Desde o mapa
invertido de Torres García, a arte tem visitado a disciplina cartográfica para
produzir mapas ativistas que não estão a serviço da dominação. A cartografia é
um tema recorrente na prática curatorial recente, de modo que se torna
inevitável quando se fala de território, pois nela confluem geografia,
ideologia e política. A exposição reúne diversas formas de medir e representar
o mundo, incluindo artistas que usam mapas para promover a mudança social,
psicogeografias, rotas de derivas, mapas afetivos e diversas representações do
mundo que contradizem as cartografias convencionais.
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