Cauê
Alves, curador adjunto
Num
mundo imagético e midiático em que a topologia tende a ser anulada pela visão
planificada dos mapas e satélites, onde a aparência visível é explorada até a
exaustão, a ponto de quase anestesiar os olhos, experiências artísticas que
ultrapassam o âmbito da pura visibilidade podem ser ainda mais significativas.
Em Cidade Não Vista, o contato com a urbe a partir do tato, dos odores, dos
sons, das palavras e de mínimas intervenções, é uma estratégia de ativação de
territórios de Porto Alegre. Explorar outros sentidos é um modo de interferir
na relação cotidiana que o pedestre tem com o espaço público. Ao atingir o
cidadão desprevenido, o trabalho de arte pode colaborar na abertura para uma
relação não usual com o território da cidade.
A
partir de um processo de arqueologia urbana, foram identificados nove lugares
do centro da capital gaúcha que despertam interesse arquitetônico, histórico,
sociológico, ou, simplesmente, curiosidade. São eles: o Aeromóvel, o
Observatório, o Viaduto Otávio Rocha, a Chaminé da Usina do Gasômetro, o Jardim
do Palácio Piratini, a Escadaria da Rua João Manoel, a cúpula da Casa de
Cultura Mario Quintana (um espaço cultural público), a Garagem dos Livros (um
espaço literário) e o prédio da Antiga Prefeitura. A ênfase foi dada a locais
que muitas vezes não são percebidos pela população, seja pelo automatismo que
costuma caracterizar a experiência na cidade, pela dificuldade de acesso ou por
estarem fora do imaginário coletivo.
Todas
as obras destacam o lugar e privilegiam a experiência sensorial.
ARTISTAS E LOCAIS:
Elida
Tessler – Garagem dos Livros
Marlon
de Azambuja – Viaduto Otávio Rocha
Oswaldo
Maciá – Chaminé da Usina do Gasômetro
Paulo
Vivacqua – Observatório
Pedro
Palhares – Aeromóvel
Sissel
Tolaas – Jardim do Palácio Piratini
Tatzu
Nishi – Antiga Prefeitura
Valeska
Soares / O Grivo – Casa de Cultura Mario Quintana
Andaimes cobrem a fachada da Prefeitura Municipal durante a montagem.
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